O tempo, a solidão e "O Último Amor de Mr. Morgan”

25 de Julho de 2014

Protagonizado por Michael Caine, longa aborda as dificuldades encontradas com o avanço da idade

Saber lidar com o tempo, que passa continuamente e nunca retorna, é um desafio enfrentado por muitos cineastas e uma temática constante nos dramas. Porém, quando a história retrata personagens idosos e seus universos, esse elemento parece ainda mais pesado já que, no fim da vida, o tempo é uma contagem regressiva. Alguns exemplos brilhantes em suas abordagens desse tipo de cinema são "Amor" (2012), de Michael Heneke, "Reencontrando a Felicidade" (2010), de John Cameron Mitchell e o mais recente O Último Amor de Mr. Morgan (2014), da alemã Sandra Nettelbeck.

Atualmente em cartaz no Espaço Itaú de Cinema, O Último Amor de Mr. Morgan, conta a história do personagem Matthew Morgan (Michael Caine) que mora em Paris há muitos anos, porém, não fala uma palavra de francês, já que sua mulher, Joan (Jane Alexander) sempre fora sua intérprete. Mas o problema é que 3 anos após a morte da esposa, o professor de filosofia vive triste e solitário, isolado por esse abismo linguístico, que só é superado com algumas aulas de inglês eventuais com uma amiga. Tudo muda quando Morgan encontra Pauline (Clémence Poésy), uma professora de dança, que lembra muito a sua esposa na juventude e que se aproxima dele pela lembrança de seu pai. Mas essa amizade toma outro rumo com a tentativa de suicídio de Matthew.

Michael Caine possui mais de 100 filmes em sua carreira, inúmeros prêmios e aos 81 anos dá vida ao personagem com a mesma verdade que só é encontrada com o passar do tempo. Mr. Morgan reúne em um personagem a síntese de um problema corriqueiro na terceira idade: a solidão e a dependência encontrada por muitos, além do conflito com as decisões dos filhos, geralmente distantes e envolvidos com suas próprias vidas. Por mais que filmes com essa temática não sejam muito comuns, por inúmeros motivos, O Último Amor de Mr. Morgan encontra na força da interpretação de Caine a expressão da vida de Morgan e é uma excelente oportunidade para os mais jovens compreenderem melhor esse universo.